Galileo: satélites de navegação europeus chegam hoje ao espaço
A Agência Espacial Europeia anunciou que o lançamento dos satélites Galileo PFM e FM2 foi remarcado para hoje, depois de ter sido adiado devido a um problema técnico detetado enquanto se colocava combustível no foguete Soyuz que irá levar os satélites para o espaço.
Os dois primeiros satélites de navegação europeus vão ser lançados a partir do centro espacial da Guiana Francesa, na América do Sul, às 7h30 locais (11h30 em Lisboa), acontecimento que estava previsto para ontem à mesma hora.
O objetivo principal dos satélites Galileo é fornecer um sistema de posicionamento global alternativo que permita à Europa tornar-se independente do GPS (Global Positioning System) americano, o único serviço semelhante que hoje em dia funciona a nível civil em todo o território mundial.
Os dois satélites são os primeiros da Constelação Galileo, um projeto que pretende colocar um total de 30 satélites de navegação a uma órbita de 23.222 quilómetros de distância da Terra até ao final da década.
Nova constelação no espaço
Quando estiver totalmente operacional, a Constelação Galileo deverá fornecer um serviço de navegação por satélite de acesso livre para todo o mundo, distinguindo-se do GPS americano por se tratar de um sistema destinado à utilização civil.
O sistema de GPS americano tem cariz militar e é utilizado prioritariamente pelo Exército dos EUA, podendo o seu sinal ser reduzido ou mesmo suprimido se tal for considerado necessário pelo Governo de Washington.
Neste momento, a China está também a ampliar o seu sistema de posicionamento por satélite, que atua apenas na área do sudeste asiático, e a Rússia está em processo de atualização do sistema que lançou antes da dissolução da União Soviética.
Lançamento duplamente histórico
O lançamento dos dois satélites Galileo será histórico por dois motivos. Em primeiro lugar, estes serão os primeiros satélites de navegação europeus a serem colocados em órbita, dando início à Constelação Galileo. Em segundo lugar, o seu lançamento será feito por um foguete Soyuz, de origem russa.
Esta será a primeira vez que os Soyuz serão lançados de uma plataforma fora do território russo. As negociações para a utilização destes foguetes pela ESA tiveram início em 2003 e vão render à Rússia dezenas de milhões de dólares.
Por um lado, a Europa necessitava de um sistema de lançamento de veículos espaciais intermédio, uma vez que os seus foguetes foram construídos para lançar veículos de maior dimensão e o investimento em dispositivos semelhantes aos Soyuz seria bastante elevado. Por outro, a Rússia irá utilizar este rendimento para financiar novos projetos espaciais.